Paulo Gewehr Filho
A melhor vacina é a que foi aplicada
Paulo Gewehr Filho
Médico infectologista e supervisor do Núcleo de Vacinas do Hospital Moinhos de Vento
Há três anos, estávamos mergulhados em perguntas sem respostas, incitadas por um inimigo até então incógnito. A infecção provocada pelo Sars-CoV-2 saiu de Wuhan, na China, venceu oceanos, ultrapassou fronteiras e se espalhou por todas as nações em questão de meses. A resposta, felizmente, veio em pouco tempo.
Ainda em novembro de 2020, a Rússia iniciou o processo de vacinação com um imunizante desenvolvido no próprio país. Reino Unido, Estados Unidos e outros países seguiram, até chegar ao Brasil em 17 de janeiro de 2021 e o restante do globo. Saímos dessa crise ainda mais convictos da força da máxima que dizia que "vacina boa é vacina no braço". Esse capítulo recente e traumático é apenas mais um na história das pandemias e epidemias.
Em comum a todas as gripes - a espanhola (2018), a aviária (1956), a de Hong Kong (1968) e a de H1N1 (2009) -, temos o fato de os patógenos se disseminarem pelo ar e atacar, prioritariamente, o trato respiratório. Mas por que, com todo o avanço da Medicina, ainda somos reféns de alguns vírus comuns?
Em breve análise, observamos que esses microrganismos ganham força quando o frio se aproxima. Com as temperaturas mais baixas, ficamos em ambientes pouco arejados, mesmo com muitas pessoas, o que favorece a proliferação desses vírus. A falta de bons hábitos, como a etiqueta da tosse, a higiene das mãos e o uso de máscaras em locais com indivíduos doentes, impulsionam a disseminação de doenças respiratórias.
A intervenção do homem no meio ambiente - desde o aquecimento global até a destruição de biomas - também tem favorecido as mutações desses agentes infecciosos e impactado no surgimento de novas doenças para as quais ainda não existe prevenção. Soma-se a todo esse contexto as baixas coberturas vacinais, que abrem brechas para o retorno de enfermidades antes erradicadas e, também, complicações daquelas que circulam com recorrência.
Assim como na pandemia, as armas para vencer essa batalha são as vacinas - seguras, eficazes e capazes de reduzir o risco de piora de muitas doenças, especialmente as respiratórias. O calendário de imunizações nacional prevê uma abrangência que vai desde a primeira infância, a partir dos seis meses de idade, até a terceira idade, garantindo, assim, a proteção dos mais vulneráveis. É preciso restabelecer a consciência de que a melhor vacina é aquela que foi aplicada.
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